Patrulha Maria da Penha de São Sebastião acompanha 122 medidas protetivas e já realizou mais de 6 mil atendimentos desde 2016
08/08/2025 16h53
No mês em que se completam 19 anos da criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher segue como um desafio em todo o país. Em São Sebastião, a Patrulha Maria da Penha, vinculada à Polícia Municipal, mantém atendimento constante às vítimas e atualmente acompanha 122 medidas protetivas.
De janeiro a julho deste ano, foram realizados 1.064 atendimentos às mulheres cadastradas por determinação judicial. Desde a criação da patrulha, em 2016, até julho de 2025, o serviço contabiliza 6.256 atendimentos e 76 prisões relacionadas à violência contra a mulher.
A policial municipal Liliana Granato Bedrossian Sobral, responsável pelo programa, explica que as equipes visitam as vítimas de três a quatro vezes por mês, além de manter contato por telefone e WhatsApp. Muitas contam também com o botão de pânico, acionado em situações críticas e conectado diretamente ao COI (Centro de Operações Integradas). “Assim que o botão é acionado, uma viatura é enviada imediatamente ao local informado em tempo real”, destaca.
Segundo Liliana, os nomes das mulheres que precisam de proteção chegam à patrulha por encaminhamento da Justiça. “Por isso é importante que a vítima procure a Delegacia de Defesa da Mulher, o fórum ou as redes de apoio para denunciar e solicitar a medida protetiva”, reforça.
Novos perfis e aumento de denúncias
Após a pandemia, a patrulha identificou o aumento de um perfil específico entre as vítimas: mulheres acima dos 50 anos, muitas delas em situações chamadas de “divórcios cinza” — termo usado para separações de casais maduros, em referência aos cabelos grisalhos. Dados do Registro Civil do IBGE apontam que cerca de 30% dos divórcios no Brasil, nos últimos anos, ocorreram nessa faixa etária.
“São pessoas que já têm filhos criados e não querem mais passar por situações de agressão”, explica Liliana.
Violência que não deixa marcas físicas
A policial também ressalta que as ameaças não se limitam às agressões físicas. Violências psicológica e patrimonial podem ter impactos tão graves quanto os que deixam marcas no corpo.
Um exemplo é o caso de C.S.A., 44 anos, que conviveu por 11 anos com o agressor e hoje é acompanhada pela patrulha. “Ele me agredia com palavras, contra a minha honra, era racista, e eu achava que era normal. Um dia dei um basta e procurei a justiça. Ele passou por um curso, disse que tinha mudado, mas depois as agressões voltaram. Pensei na minha filha de 14 anos e decidi que não queria que ela vivesse nesse clima cada vez pior”, contou.
Há oito dias, C.S.A. teve a medida protetiva concedida e afirma estar determinada a romper o ciclo de violência. “São Sebastião tem uma rede de apoio muito boa e sei que vou conseguir seguir em frente”, disse, revelando que chegou a tentar tirar a própria vida em razão das humilhações sofridas.